sábado, 3 de março de 2007

CÃO VIVO OU LEÃO MORTO?
Pr. Timofei Diacov



"Para os que acompanham com os vivos, há esperança. Porque mais vale um cão vivo, do que um leão morto", Eclesiastes 9.4. Nesta vida não são poucos os que sonham com grandezas, sonham com o poder. Quando chegam a vereador, querem ser prefeitos; quando chegam a deputados, querem o governo do Estado; Quando chegam a deputado federal, ou a senador, passam a aspirar a presidência da república. Não há mal nenhum nisso, diga-se de passagem. O mal, entretanto, está no fato de dar mais valor a isso do que à própria vida, ou à vida de seus súditos, aos seus governados. O rei Salomão, nos versos subseqüentes, conta a história de um certo homem pobre, mas sábio. Certo dia um grande e poderoso rei intentou invadir a sua pequena cidade. Mas o pobre sábio, pela sua sabedoria, livrou-a. E dele, depois disto, esqueceram.

Então faz a consideração o narrador, que "melhor é a sabedoria do pobre, ainda que tenha sido esquecido, do que o poder". O que isso nos ensina é que muitos, à semelhança do leão, animal mais forte da selva, não tinham nehuma vantagem sobre o cão vivo, pois ele mesmo, com toda a sua força, estava morto. O que se pode depreender disso é a necessidade de se possuir sabedoria, e muita sabedoria para viver. O pobre, de prestígio, talvez muitas vezes desprezado pelos grandes, pode ser muito mais bem sucedido em seu viver do que os poderosos, financeiramente ou publicamente. A vantagem do pobre está quando é possuido pela sabedoraia que do Alto vem, como diz Tiago, irmão do Senhor.

Os evangelistas Mateus 19, Lucas 18 e Marcos 10, nos informam aquilo que aconteceu a certo jovem, príncipe, que era muito rico. Ele foi a Jesus, à procura do conhecimento sobre o que poderia fazer para conquistar a vida eterna. E como não poderia deixar de acontecer, Jesus lhe deu todas as dicas: mas que, primeiro deveria se desligar de uma coisa que muito o impedia de se aproximar de Deus: a avareza. Recomendou-lhe o Senhor: Vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e e terás um tesouro no céu; depois vem e segue-me. Mas ele, pesaroso desta palavra, retirou-se tristemente. Faltou-lhe o bom senso.

As riquezas são coisas boas. Mas ruins se tornam quando tem prioridade na vida. De que servem elas, se nos falta a sabedoria? Para que serve o poder, se está ausente o temor de Deus? O evangelista Lucas, no capítulo dezenove de seu livro, conta a história de um outro homem também muito rico. Desejava ele poder chegar bem perto de Jesus, de quem ouvira muito falar, mas não podia, por causa de sua pequena estatura. Mas, depois de ter subido a uma figueira brava, viu a Jesus, que também o viu, e se ofereceu para pousar em sua casa. E depois de ouvida a palavra do Senhor, ele tomou uma decisão: a de dar os seus bens aos pobres, a metade de seus bens, e devolver o que havia ganho desonestamente.

Que diferença entre um e outro? No primeiro caso, faltou a sabedoria, e no último, teve-a com abundância. E que nos servem as glórias transitórias, se mais cedo ou mais tarde, nos desfaremos delas, ainda que não espontaneamente? Por isso é melhor ser pobre, mas sincero e sábio. Como um cão pobre, mas vivo, é melhor que ser um leão na vida, cheio de poder e riquezas, mas morto para Deus. O livro de provérbios recomenda: "quando as tuas riquezas aumentarem, não ponhas nelas a tua esperança". Riqueza, quando mal usada, torna-se um tropeço em nossa vida. Porém, quando bem aplicada, que bênção é! Não nos esqueçamos que as riquezas têm também fins sociais. Portanto, sejamos, ainda que um cãozinho vira-latas, mas vivos, do que um leão cheio de riquezas de poder, mas morto para Deus, um insensato. Que Deus nos capacite à prudência, à sabedoria.


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